O ano de 2025 promete ser desafiador para o setor cafeeiro, com altas de preços no mercado global e nacional, em meio a um cenário de produção limitada. A escassez de café no Brasil, aliada a condições climáticas adversas e o comportamento do mercado internacional, deve manter os preços elevados. Segundo o relatório do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP), publicado em 16 de janeiro, a previsão é de um ano complicado para o abastecimento de café, sem grandes aumentos na produção.
Produção Estagnada e Impactos Climáticos
Nos últimos quatro anos, a produção de café no Brasil não ultrapassou 60 milhões de sacas, um marco que não é alcançado desde a safra de 2020/21, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Essa queda na produção está intimamente ligada a condições climáticas desfavoráveis, como altas temperaturas e longos períodos de seca, que afetaram a qualidade e quantidade do grão. Para 2025, as projeções para a safra 2025/26, que deve ser colhida na metade do ano, indicam que o impacto dessas condições climáticas ainda será sentido.
As dificuldades enfrentadas pelos produtores brasileiros, com a escassez de chuvas e os efeitos do clima de 2024, devem continuar a limitar a produção e a abastecer mercados internos e internacionais de forma mais lenta. A preocupação é que o impacto do clima adverso continue a afetar as lavouras, fazendo com que o Brasil não consiga atender plenamente à demanda crescente, tanto local quanto global.
O Desafio do Mercado Global

Além dos desafios internos, o mercado global de café também enfrenta dificuldades. O Vietnã, segundo maior produtor de café no mundo, também lidou com condições climáticas desfavoráveis durante 2024, o que resultou em uma produção mais baixa. Esse fator afeta ainda mais o abastecimento global e diminui as chances de uma recuperação significativa dos estoques. Como consequência, o cenário para 2025 não aponta para uma redução significativa no consumo ou aumento na produção global de café.
As condições climáticas severas, tanto no Brasil quanto no Vietnã, criam uma pressão adicional sobre o mercado. A escassez de grãos, combinada com a demanda firme, garante que os preços do café permaneçam em níveis elevados, um fator que deve persistir ao longo do ano. Isso também pode afetar o preço final do café para o consumidor, que pode observar aumentos no valor das marcas de sua preferência.
Preços Recordes: A Tendência do Mercado de Café
Em 2024, os preços do café alcançaram patamares históricos. O robusta, um dos tipos mais cultivados no Brasil, foi comercializado a R$ 1.800 por saca, um valor nunca visto antes, considerando a inflação. Já o café arábica, que representa uma parte significativa da produção brasileira, atingiu os maiores preços desde 1997, com valores superiores a R$ 2.200 por saca.
Essa elevação nos preços pode ser atribuída a uma série de fatores, como a escassez de oferta devido a condições climáticas adversas e a forte demanda global. As expectativas são de que, em 2025, esses preços permaneçam elevados, já que o cenário de oferta limitada deve continuar. Portanto, os consumidores podem enfrentar dificuldades para encontrar café a preços mais baixos, ao passo que os produtores podem se beneficiar desses preços altos, embora enfrente custos também mais elevados devido à escassez de insumos.
Exportações Brasileiras e a Competitividade no Mercado Internacional
O Brasil segue como um dos maiores exportadores de café no mundo, e o desempenho das exportações em 2024 foi excepcional. Para 2025, a tendência é que o país continue a registrar bons números, especialmente nas exportações de canéfora (robusta), que tem mostrado um desempenho superior devido à alta demanda internacional. Essa variedade de café tem se beneficiado não apenas da escassez global, mas também da desvalorização do real, que torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional.
O cenário de câmbio favorável para o Brasil tem ajudado a aumentar a competitividade das exportações, fazendo com que o café brasileiro seja mais atrativo para os compradores estrangeiros. Como resultado, espera-se que o país consiga exportar mais de 40 milhões de sacas na temporada 2024/25, um número significativo que reforça a posição do Brasil como líder mundial no comércio de café. Para os produtores, isso pode ser uma oportunidade de aumentar as receitas, enquanto o mercado internacional tende a se beneficiar da oferta de café de qualidade superior.
O Impacto da Demanda Firme no Mercado de Café
A demanda global por café continua sólida, impulsionada por consumidores fiéis e pelo crescimento do mercado em diversas regiões do mundo. No entanto, a produção não acompanha esse ritmo, o que mantém os preços elevados. Embora o consumo global esteja estabilizado, a capacidade de produção dos principais países produtores está comprometida, o que cria um descompasso entre oferta e demanda. No curto prazo, a perspectiva é de que a demanda por café se mantenha firme, sem grandes quedas, o que reforça a tendência de preços altos.
Esse cenário de alta demanda e oferta restrita é, portanto, uma das principais razões pelas quais o setor cafeeiro continua a enfrentar desafios. Os produtores precisam se adaptar a essas novas realidades, enquanto os consumidores, por outro lado, enfrentam o impacto dos preços elevados. Para muitos, a expectativa é que 2025 traga mais dificuldades do que oportunidades no curto prazo.
Perspectivas para o Setor Cafeeiro em 2025
Em resumo, 2025 promete ser um ano desafiador para o setor cafeeiro, com preços elevados, produção limitada e desafios climáticos persistentes. O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, se vê em um cenário complicado, em que a baixa produção, a alta demanda e as condições climáticas adversas devem continuar a pressionar os preços. Além disso, o impacto de fatores externos, como o clima no Vietnã, deve prolongar a escassez de café e dificultar uma recuperação dos estoques globais.
O que parece claro é que tanto produtores quanto consumidores terão que lidar com um mercado instável e desafiador, com perspectivas de preços altos por mais tempo. A adaptação às condições do mercado será fundamental para todos os envolvidos, desde os cafeeiros locais até os grandes exportadores, para que o setor consiga enfrentar as adversidades que 2025 trará.
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