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Variedades do café suas principais características


O café é uma planta originária da Etiópia (país localizado no chamado “chifre” da África). Por isso, aqui no Brasil, ela é considerada uma espécie exótica, embora tenha se adaptado bem até demais ao nosso clima tropical. É membro da família das Rubiáceas, do gênero Coffea, e conta com mais de 100 espécies. Aqueles que se aprofundam no estudo sobre a cadeia produtiva do café sabem que apenas duas têm grãos comercializados: Arábica (Coffea Arabica) e Robusta (Coffea Canephora). Ambas podem contar com uma grande diversidade de grãos.


Entre as espécies citadas, encontramos os cultivares, que é o nome técnico para o que costumamos chamar de variedades de café. O termo é uma junção aportuguesada de duas palavras em inglês − cultivated variety (variedade cultivada). A maioria foi desenvolvida por melhoramento genético e disseminada entre os cafeicultores ao longo de várias gerações até chegar ao que consumimos hoje com tanto prazer. Hoje, existem 137 cultivares de diversas instituições de pesquisa do país, de acordo com o Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Entretanto, há sempre a possibilidade de novas espécies, que podem ser buscadas por cafeicultores ou surgir a partir de novos materiais de cultivares, que abrangem os mais variados climas, tipos de solo, altitude, manejo e condições referentes ao cultivo.


DEMANDA

Para o Consultor Especialista da Educampo Café Sebrae/Acarpa e engenheiro agrônomo, João Paulo Felicori Carvalho, a demanda gerada pelo setor produtivo e pelos consumidores é a motivação para os melhoristas: “O mercado consumidor demanda um produto produzido com menor uso de defensivos agrícolas. Além disso há o crescente aumento no consumo de cafés especiais com características sensoriais distintas. As principais demandas do setor produtivo são cultivares com alta capacidade produtiva e resistência/ tolerância a déficit hídrico.”


Sendo assim, a busca por novas variedades acontece, em suma, pela motivação em encontrar na renovação uma possibilidade de tolerância a pragas e doenças e alta capacidade produtiva. O que reflete, consequentemente, em uma movimentação do mercado e também em qualidade do café na xícara.


DIFERENÇAS

Além das diferenças de terroir e do custo de produção, as espécies apresentam distinções no que se refere a sabor, aroma e intensidade. Isso porque, enquanto no Café Arábica o teor médio de cafeína é de 1,2%, no robusta essa concentração chega a 4%. Por esse motivo, o Arábica apresenta sabor e aroma mais suaves, que

possibilitam cafés mais elaborados.


Os cafés mais populares e comerciais do Brasil são produzidos a partir de um blend das duas espécies, para diminuir o preço de custo e trazer um pouco das propriedades de cada uma. Já os cafés especiais são 100% Arábica e suas classificações mais conhecidas são: Bourbon, Catuaí, Mundo Novo, Catucaí, Arara, Topázio, dentre muitas outras. Selecionamos 10 das mais populares para que possam conhecer um pouco mais.


 
Principais variedades do café Arábica

A Coffea Arabica é uma espécie riquíssima em sabor e variabilidade genética. Por isso, agrupa muitas variedades de café. Abaixo, vamos descrever 10 dos principais tipos de café Arábica no Brasil. Confira!


MUNDO NOVO

Varietal 100% Arábica, ou seja, fruto de um cafeeiro que origina grãos de qualidade superior, sendo um dos mais requisitados para a produção de cafés especiais. Isso porque os seus grãos proporcionam um café com aroma suave e sabor marcante. Sua planta é rústica, de porte alto, com caule fino e se adapta bem às variações climáticas. Por esse motivo, ele está presente em todas as regiões cafeeiras do Brasil.


BOURBON

A qualidade de um café Bourbon se define pela doçura natural, textura achocolatada, aroma intenso e agradável acidez. O resultado final é uma bebida suave e adocicada. Entre o vermelho e o amarelo, o segundo chega a se destacar por fatores como notas acentuadas, doçura e produtividade (cerca de 40% maior). O vermelho tem melhor adaptabilidade, mas, certamente, ambos são incríveis.



GEISHA

Em pouco mais de 10 anos, a variedade Geisha tem sido cada vez mais aplaudida e reverenciada, tornando- se a grande estrela de concursos internacionais. É a favorita dos baristas, o sonho de consumo dos amantes de café e passou a ser uma iguaria, um deleite gustativo. Seu aroma é floral com notas doces e frutadas, raras características encontradas nos demais tipos de café.



CATUAÍ

O grão Catuaí é fruto de uma mistura das variedades Mundo Novo e Caturra. Por ser cultivado em maiores altitudes, o café absorve com mais intensidade os açúcares naturais e apresenta um sabor acentuado. Além disso, é um dos grãos mais produzidos no Brasil, com característica leve, suave em acidez e com duas variedades, amarela e vermelha, com pouca diferença entre elas.



ACAIÁ

O Acaiá é um café suave, bastante aromático e com notas frutadas. Muito indicado para aqueles que apreciam um café mais sofisticado, ele apresenta também um sabor achocolatado e uma acidez média. Seus frutos são vermelhos e têm maturação tardia. Ele também é muito misturado com a cultivar Bourbon pelos cafeicultores para conseguir bebidas mais encorpadas e com sabor mais intenso.




TOPÁZIO

Cruzamento entre os grãos Mundo Novo e Catuaí Amarelo com uma maturação dos frutos mais uniformes. Isso é possível devido ao seu cultivo ser muito estável e ao poder de adaptabilidade do grão, adequada para plantio tanto adensado como de livre crescimento em sistema de renque (espaçamento menor entre as plantas) mecanizado. O café é extremamente saboroso, complexo e de finalização agradável.



ARARA

A variedade Arara é produtiva e resistente às principais doenças da cultura, sendo resultado de um trabalho persistente de pesquisa. O nome surgiu por causa dos frutos amarelos, mas o que realmente impressiona é a qualidade da bebida: limpa e adocicada. Não é à toa que essa variedade tem impressionado em diversos concursos nacionais e internacionais, garantindo, inclusive, prêmios e pontuações altas − superiores a 90 pontos − na escala da BSCA, o que é algo excepcional!



CATUCAÍ

O Catucaí é uma variedade de café mais suave e com acidez média, com gosto bem doce, sabor cítrico e frutado. Geralmente, é plantado em altitudes mais altas, como na região da Serra da Mantiqueira, com temperaturas entre 18 °C e 22 °C, a fim de permitir que o grão absorva melhor os açúcares naturais durante o processo de maturação. Ele foi desenvolvido por meio do cruzamento natural entre a Icatú e a Catuaí (que significa “muito bom” em mtupi-guarani), daí a combinação das duas palavras.



ICATU

Híbrido interespecífico resultante do cruzamento artificial entre C. canephora (Robusta) e C. arabica (Mundo Novo cv. Bourbon Vermelho). Já o Amarelo é obtido no cruzamento natural entre o Icatu Vermelho e a cultivar Mundo Novo ou Bourbon Amarelo, e desperta grande interesse econômico por apresentar plantas vigorosas, com moderada resistência a ferrugem e alta produtividade. É uma ótima opção para café espresso por ser mais encorpado e gerar uma bebida com notas frutadas

e boa acidez.



LAURINA

Também conhecido como “Frevo” surgiu de uma mutação natural ocorrida em uma lavoura de Bourbon. Suas plantas são de formato cônico, de porte baixo, frutos e sementes são pontudos e os cafeeiros mostram boa resistência à seca, embora seja mais suscetível à ferrugem. Por ter um teor de cafeína mais baixo (cerca de metade – 0,6% x 1,2% a 1,6% − dos demais cafés), pesquisadores buscam a partir dele a produção de uma bebida descafeinada de qualidade. Sabor suave e agradável, com notas frutadas e florais.

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